Os efeitos a longo prazo do assédio no trabalho

 
os efeitos a longo prazo do assédio no trabalho

Em um mercado cada vez mais vigilante, não agir proativamente no combate ao assédio pode colocar organizações muito atrás da concorrência.

 

Quando o assunto é assédio no trabalho, o primeiro passo para entender como proteger a reputação da empresa e o seu time de pessoas colaboradoras, pode parecer controverso: é preciso reconhecer que o problema vai acontecer. Na sua e em todas as outras empresas.

É comum que organizações assumam posturas engessadas e reativas em relação a esse tipo de conduta no ambiente de trabalho. Muitas vezes casos de assédio sexual ou moral são tratados como episódios isolados - atrelados a uma pessoa específica, que apresenta um padrão de problemas de comportamento. 

Entretanto, é preciso entender que a maior parte dos problemas de má conduta, incluindo esses casos de assédio, são parte de um problema estrutural da sociedade.

Mudar esse posicionamento é a virada de chave para boas práticas de governança corporativa, que efetivam a gestão de compliance, para empresas pequenas e até mesmo as gigantes. Afinal, em um mercado cada vez mais vigilante, não agir proativamente no combate ao assédio pode colocar organizações muito atrás da concorrência. 

Para compreender mais a fundo os efeitos do assédio para as empresas, neste artigo vamos analisá-lo como um problema estrutural, comum a todos os espaços de trabalho. 

 
como identificar assédio no trabalho

Entender o assédio, moral ou sexual, como problema estrutural da sociedade é peça chave para empresas que querem proteger suas reputações

 

Reconhecer que o assédio vai acontecer está entre as boas práticas de governança corporativa

O problema mais comum em lidar com o assédio de forma tão sensível ou distante da realidade é esperar um momento crítico para engajar com a conduta. 

Não é preciso ir longe nas pesquisas ou em rodas de conversas com pessoas em comum para ouvir algum caso de assédio no ambiente de trabalho. Porém, pense bem: quando esses casos ganham repercussão na mídia, já não se limitam a uma pessoa ou a um evento isolado.

Para compreender as raízes do problema, é preciso analisar o assédio - seja moral ou sexual - como uma manifestação de abuso de poder. As relações hierárquicas que permeiam os espaços de trabalho têm forte influência no comportamento das pessoas, o que abre caminho para que desvios de conduta desse tipo aconteçam.

No entanto, permitir que esse tipo de conduta escale reflete uma falha na gestão de compliance, para empresas pequenas, médias ou grandes do mercado. Agir proativamente e buscar ferramentas para ganhar visibilidade do que acontece entre as equipes é chave em como proteger a reputação da empresa.

E quando falamos em “problemas que escalam”, entramos na ótica de cultura organizacional. Uma gestão efetiva de riscos, conduzida pela área de Compliance, precisa levar em consideração os impactos do assédio para além das pessoas diretamente envolvidas. 

A empresa inteira sofre impactos decorrentes do assédio moral e sexual quando não se posiciona proativamente. A longo prazo, todas as equipes inseridas neste ambiente de trabalho convivem com os efeitos deixados pelo comportamento na cultura organizacional.



O que fica para as empresas: quais são os efeitos do assédio a longo prazo?

Hoje, mais do que nunca, o mercado reconhece como premissa ética as obrigações morais e legais das empresas na gestão de má conduta interna.

No caso de problemas de assédio, essa responsabilidade vai desde a prevenção de casos até a condução adequada do processo de apuração de denúncias realizadas.

Os efeitos desse tipo de conduta aparecem quando a gestão de compliance, para empresas pequenas, médias ou grandes, falha em reconhecer essa responsabilidade antes que o assédio escale e se torne uma crise estrutural. 

Boas práticas de governança corporativa devem envolver planos de ação preventivos, que estejam à frente desses efeitos a longo prazo - como proteger a reputação da empresa de danos irreversíveis.

Por outro lado, embora a imagem corporativa seja vista como valiosa para o bom funcionamento do negócio, não é o único fator em risco quando falamos sobre os efeitos do assédio. Krista Schmid, consultora de saúde mental no ambiente de trabalho na WSPS, aponta para os impactos do problema de comportamento nas equipes.

“Especialmente em ambientes de trabalho que não levam alegações e relatos de assédio à sério, ou que não possuem as ferramentas adequadas para responder e investigar adequadamente, casos de assédio podem ser incrivelmente desmoralizante para as pessoas colaboradoras.

Quando o comportamento é reconhecido como parte da estrutura cultural da organização, leva equipes a um alto estresse psicológico. Isso compromete a saúde das equipes e, consequentemente, a performance delas.”

Individualmente, uma cultura organizacional pautada pelo assédio em suas estruturas causa uma sensação de baixa auto-estima nas pessoas colaboradoras. É comum que isso resulte em isolamento, insônia, dores de cabeça e até mesmo doenças psicológicas mais graves, como ansiedade e ataques de pânico. 

 
quais são os efeitos do assédio para as empresas?

Os efeitos do assédio a longo prazo envolvem danos à reputação da marca empregadora e à relação com stakeholders.

 

E então, por que as empresas devem se preocupar com os efeitos individuais do assédio? Para além do imperativo principal - que é a saúde mental - é válido considerarmos que todo negócio precisa de pessoas para existir e ter sucesso.

Para as organizações, os efeitos do assédio no trabalho a longo prazo incluem:

  • Riscos na relação com stakeholders: quando falamos em reputação, não nos limitamos à imagem diante do mercado consumidor. Uma liderança que não entende como proteger a reputação da empresa por meio da gestão de má conduta bota em risco a expansão dos negócios e a captação de investimentos.

  • Danos à reputação da marca empregadora: o que comumente chamamos de employer branding, é a reputação da empresa como lugar para se trabalhar. Hoje, além da abertura que existe em redes sociais como o Linkedin, existem plataformas específicas para que pessoas colaboradoras compartilhem e avaliem publicamente suas experiências dentro das empresas, como é o caso do Glassdoor.

  • Aumento do absenteísmo: taxa referente à ausência de pessoas colaboradoras. Quando os índices de absenteísmo são altos, a produtividade e os resultados entregues pelas equipes são diretamente impactados.

  • Aumento do turnover: taxa referente à rotatividade interna, isto é, desligamentos - voluntários ou não. Além de impactar os resultados do time, um aumento neste índice gera custos financeiros atrelados a recrutamento, seleção, contratação e integração de novas pessoas.

 

Assédio é assunto para todas as empresas

Independente do setor de atuação, do tamanho da operação e do modelo escolhido para trabalhar - remoto ou dentro de escritórios. O assédio é um problema comum a todos os ambientes de trabalho e falar sobre isso não precisa ser um desafio para as lideranças.

Uma gestão de riscos efetiva considera a existência do problema, busca ganhar visibilidade interna e capacita as áreas responsáveis para lidar com os casos. Assim, a empresa protege sua reputação e as pessoas colaboradoras em contexto vulnerável. 

O mercado não tem mais espaço para posturas reativas. Empresas que escolhem não agir, diante do acesso massivo à informação hoje em dia, escolhem ficar para trás da concorrência.


 
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