Perguntas, respostas e provocações sobre Diversidade e Inclusão com Isabella de Avila

Isabella de Avila fala sobre diversidade e inclusão

Isabella de Avila lidera a área de Diversidade e Inclusão na CloudWalks. É Comunicadora Social, apaixonada por ONG’s e referência na serra gaúcha em D&I onde já participou de programas em TV, rádio e jornais.

Você pode contar um pouco da sua trajetória e o que te levou a trabalhar com Diversidade e Inclusão?

Minha trajetória, como a de 90% das mulheres trans no Brasil, começou na prostituição. Foi uma das poucas oportunidades que tive de emprego na vida, além dos voluntariados em ONGs e outros projetos sem fins lucrativos. A partir do momento que reparei que poderia trabalhar com isso no mercado corporativo, sabia que poderia ir muito além tanto em termos da minha carreira quanto no impacto que eu poderia gerar.


Guardas-Chuvas coloridos diversidade e inclusão

Como você sentiu essa transição de ir de ONGs para o mundo corporativo, e mais especificamente para o mercado de tecnologia?

No fim do dia, nós trabalhamos e nos envolvemos com pessoas, indiferente do lugar onde elas estejam. Todas querem se sentir representadas, se sentirem bem, acolhidas. E foi por meio das vivências da minha vida que aprendi a escutar e interpretar isso.

Mesmo assim é muito difícil ser mulher trans no mercado corporativo. Foi um desafio muito grande pra mim - eu não tinha experiência, não tinha noção, apenas tinha vontade e garra. Sempre acreditei que o estudo especializado poderia fazer diferença e comecei a buscar cursos de aperfeiçoamento, até hoje não parei de estudar. Ainda assim, não sabia me portar em uma entrevista, não sabia que roupa usar, não sabia muitas coisas que as pessoas cis estão acostumadas por fazerem constantemente. Nós, pessoas trans, não temos nem preparo para fazer uma entrevista de emprego. 

Hoje estou empregada porque houve uma oportunidade especifica para mulheres trans. Eu sei que se eu estivesse concorrendo para uma mesma vaga com pessoas cis eu não conseguiria ser classificada. Ter vagas separadas para grupos minoritários é extremamente importante para criar diversidade em uma empresa e lutar contra vieses inconscientes.

Hoje, estimular, ensinar e trazer mais pessoas trans pro mercado corporativo é o que me desafia e me motiva todos os dias.

Óculos diversidade e inclusão

O que você acha que empresas ainda não entendem sobre Diversidade e Inclusão?

Muitas empresas ainda não entendem que diversidade e inclusão não é caridade. Da mesma forma que eu, profissional de D&I, não sou assistente social.

Estudos já comprovam que equipes diversas são mais produtivas, criativas e têm melhor desempenho. Não é só uma questão das pessoas que trabalham na sua empresa, o mundo é diverso então empresas precisam se preparar para que o seus produtos/serviços também sejam acolhidos por todos. É um ganha-ganha. 




O que você considera um primeiro passo para empresas começarem a endereçar Diversidade e Inclusão?

Globo em formato de brigadeiro diversidade e inclusão

Para iniciar esse movimento, é necessário que as empresas identifiquem suas falhas. Erros existem em todas as empresas, independente de indústria, idade ou tamanho. Você pode começar fazendo um censo para entender a composição atual das pessoas colaboradoras: tem pessoas pretas? Pessoas trans? E de outros grupos minoritários? A partir daí, é importante rever processos internos, como recrutamento e seleção, e desenhar estratégias de inclusão e valorização desses grupos.

Empresas que não começarem a fazer esse trabalho agora vão ter que correr atrás de tempo perdido em breve - diversidade e inclusão é o futuro.

“Hoje, estimular, ensinar e trazer mais pessoas trans pro mercado corporativo é o que me desafia e me motiva todos os dias.”

Você pode conhecer mais sobre o trabalho da Isabella no podcast que fez recentemente com o Comunicasters.


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