Como o assédio sexual afeta a imagem pública e reputação de uma empresa

Picolé derretendo assédio sexual compliance

Nos últimos tempos temos visto uma onda de casos de assédio sexual serem repercutidos pela mídia e nas redes sociais. A maioria deles envolvendo homens poderosos - entre eles executivos de grandes companhias, esportistas famosos, atores, produtores e políticos. 

São muitos exemplos de repercussões negativas de casos que envolvem pessoas em posições de liderança (fizeram até filme de hollywood). Mas e os casos que acontecem no dia-a-dia? Que envolvem pessoas colaboradoras não reconhecidas pelo público?




Qual o impacto de casos de assédio na reputação e imagem das empresas? 

Hoje em dia, as redes sociais tem o poder de tornar casos do dia-a-dia em conversa pública. O movimento #metoo é reflexo disso - ficou muito mais fácil organizar discussões e dar visibilidade para o problema agora que todo mundo tem uma voz pública. Inclusive, já existem ferramentas para transformar essa voz em informação e dados sobre as empresas.  Essa exposição mudou bastante a percepção das pessoas e a exigência delas em relação ao posicionamento das marcas que consomem. Diversos estudos recentes nos mostram que os consumidores estão muito mais exigentes na hora de gastar o seu dinheiro - e a reputação da empresa é cada vez mais influente na decisão. 

Então, como alegações de assédio podem afetar a opinião do público sobre uma marca? Isso tem impacto na percepção do posicionamento das empresas em relação à equidade de gênero e inclusão social em geral? O impacto na reputação é o mesmo quando falamos de outras formas de má conduta, como corrupção?

Balões de fala assédio sexual compliance

Entenda como alegações de assédio podem afetar a opinião do público sobre uma marca

De acordo com um estudo recente realizado com 1500 consumidores americanos por pesquisadoras de UCLA e da Universidade de Amsterdam e publicado pela Harvard Business Review, uma única alegação de assédio sexual no trabalho pode ter um impacto significante na forma como as pessoas enxergam a empresa responsável. 

O estudo mostra que quando as pessoas ficam sabendo de um caso de assédio sexual numa empresa, seja por amigos ou pelas redes sociais, elas não apenas veem essa organização como menos justa que outras empresas que não foram expostas, como também menos igualitária do que uma empresa que já foi exposta por algum outro tipo de má conduta, como fraude ou corrupção. 

Além disso, os resultados indicam que as pessoas enxergam um caso de assédio como um sinal de um problema de cultura estrutural e não como uma questão individual - também quando comparado com a percepção de casos de fraude financeira. Por fim, as pessoas respondentes da pesquisa também disseram que preferiam trabalhar em uma empresa ligada à um caso de fraude financeira do que à um caso de assédio sexual. 




O que as empresas podem fazer diante dessa situação?




1. Se preparar para agir rápido

A verdade é que problemas de comportamento existem em todos os locais de trabalho, a diferença está na postura das empresas diante de situações assim. Sim, a reação da empresa diante de uma acusação de assédio sexual pode diminuir significantemente os danos de imagem e reputação. O mesmo estudo citado acima mostra que nos casos em que a empresa reagiu rápido e foi respeitosa com as pessoas envolvidas, o impacto na reputação foi menor do que quando a empresa tentou minimizar ou negar as acusações. 




Balão de fala assédio sexual compliance

2. Incentivar a comunicação de relatos e renovar processos de compliance

Outro ponto é que apesar do fato de que situações de assédio no trabalho aconteçam com uma certa frequência, poucas pessoas sentem confiança suficiente para relatar o problema internamente. 

De acordo com uma pesquisa feita pelo Think Eva em parceria com o Linkedin, 47% das mulheres afirmam já ter sofrido assédio sexual no ambiente de trabalho, mas só 5% delas dizem ter buscado apoio do departamento de Recursos Humanos e/ou Compliance para relatar as agressões. 

 

Embora muitas empresas tenham algum tipo de canal de denúncias, a grande maioria das pessoas colaboradoras nunca usou o sistema. A maioria dos canais opera de forma terceirizada, num processo rígido e burocrático, o que acaba desincentivando as pessoas a usar. Esse tipo de processo de compliance é antiquado e foi projetado para priorizar a redução do risco da empresa, colocando a experiência das pessoas colaboradoras em segundo plano. Se o canal é totalmente terceirizado, quem vai receber os relatos? Quem vai classificar, filtrar e repassar as informação para a empresa? Com base em que contexto e histórico? Se o relato for anônimo, como a empresa vai investigar o caso sem comprometer a privacidade das pessoas envolvidas?

Para aumentar o número de relatos e assim ter mais visibilidade dos problemas de comportamento da sua empresa é preciso efetivar políticas, processos e ferramentas de compliance que inspiram confiança e transparência. O primeiro passo é implementar um código de conduta e um canal de denúncias que priorize a experiência das pessoas colaboradoras. É importante que esse canal seja: 

  • Imparcial: que permita que as pessoas colaboradoras façam relatos por meio de um processo neutro, que não comprometa o anonimato e sem medo de sofrer retaliação.

  • Intuitivo: que permita que as pessoas façam relatos de forma rápida e confortável, mesmo se o nível de detalhe for alto. 

  • Transparente: que permita o acompanhamento da investigação em tempo real por meio de status: recebido, em análise, resolvido.

  • Responsivo: que interação anônima entre as pessoas colaboradoras e o RH/Compliance da empresa.

  • Flexível: que permita que a pessoa colaboradora que fez o relato possa indicar a gravidade do problema e dar uma sugestão de resolução satisfatória.

Celulares trocando mensagens assédio sexual compliance

A importância de construir uma cultura de confiança

A reputação de uma empresa é um reflexo direto de relações de confiança. Pessoas que consomem de uma marca e/ou trabalham para uma empresa confiam que esta empresa está operando de forma ética e protegendo os interesses e o bem-estar das pessoas que estão ao seu redor. Essa confiança tem um poder enorme de criar lealdade, mas ao mesmo tempo ela é muito frágil. A partir do momento que as pessoas sentem que essa confiança foi traída, elas vão responsabilizar a empresa - às vezes até mesmo sem confirmação de julgamento.

É simples entender por que o dano à reputação é uma das principais preocupações dos líderes de qualquer organização hoje em dia, considerando a rapidez com que as informações se espalham na internet e consequentemente a rapidez com que uma situação pode sair do controle e se tornar viral. 

“São necessários 20 anos para construir uma reputação e apenas cinco minutos para destruí-la.”

— Warren Buffet

Criar uma cultura de ética e compliance em que as pessoas colaboradoras se manifestem voluntariamente e informem a empresa sobre problemas de má conduta, não é uma tarefa simples. Porém, já existem soluções tecnológicas que podem ajudar bastante nesse processo. As empresas que realizarem as mudanças necessárias e agirem de forma proativa para promover um ambiente de trabalho mais justo e inclusivo com certeza terão mais chances de preservar a sua imagem pública e reputação.


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